Um exemplo emblemático dessa indiferença é o caso do ACNUR, que emitiu boletos de doação a pessoas que nunca tiveram contato com a organização. O uso indevido de dados, como o CPF, sem consentimento, fere não apenas a LGPD, mas também a confiança que os cidadãos depositam em instituições. Esse tipo de ação não é apenas antiética; é um golpe direto na essência da proteção de dados, onde o consentimento é o pilar fundamental.
A indignação coletiva em relação a essa 'epidemia de sites de apostas' e outras práticas abusivas também não pode ser ignorada. Muitas pessoas se perguntam como seus dados chegam a essas plataformas, e a resposta é alarmante: a coleta indiscriminada e o uso irresponsável de informações pessoais estão em alta. Mesmo aqueles que optam por se 'autoexcluir' de serviços duvidosos frequentemente se deparam com a dificuldade de entender como seus dados foram utilizados e compartilhados.
Enquanto isso, empresas continuam a ignorar as diretrizes da LGPD, tratando-a como um mero detalhe a ser contornado em meio à busca por lucro. O que deveria ser um direito assegurado torna-se um fardo, e a falta de fiscalização apenas intensifica essa situação. É preciso que o setor privado compreenda que a proteção de dados não é apenas uma questão legal, mas uma responsabilidade moral com os indivíduos que confiam suas informações.
Se não agirmos agora, corremos o risco de perder a batalha pela privacidade. A LGPD deve ser vista como uma ferramenta poderosa para empoderar os cidadãos, mas isso só acontecerá se houver um comprometimento real de todos os envolvidos. Afinal, a proteção dos nossos dados é uma questão de respeito, e é hora de exigir que essa lei seja cumprida com rigor, para que possamos finalmente viver em um ambiente digital onde a privacidade é respeitada e valorizada.