A Ilusão do Consentimento: Reflexões sobre a LGPD na Prática

Entenda como a teoria da proteção de dados se choca com a realidade do dia a dia.

15/05/2025 12:01
Em um dia ensolarado, em um bar lotado, a sede aperta e a fila para comprar uma água parece interminável. O calor é insuportável e, para piorar, a única forma de saciar a sede é preencher um cadastro extenso, repleto de perguntas desnecessárias. Neste cenário caótico, a pergunta que não quer calar é: onde está o consentimento genuíno quando a pressão e a urgência ditam as regras? A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deveria garantir que os consumidores tivessem controle sobre suas informações pessoais, mas na prática, a realidade é bem diferente.

A LGPD, que deveria ser um marco na proteção dos dados dos brasileiros, enfrenta um paradoxo. Enquanto gigantes da tecnologia como ByteDance, Uber e Telegram se adaptam às suas exigências, criando canais de comunicação mais eficientes, a sensação é que o verdadeiro consentimento ainda é uma miragem. A pressão por resultados e a falta de respeito pelas informações dos clientes revelam uma cultura corporativa que muitas vezes ignora a privacidade. A cada vazamento, como o recente caso envolvendo a XP, a confiança na proteção de dados se esvai, deixando os consumidores frustrados e inseguros.

A verdade é que muitos negócios operam com setores ocultos de manipulação de dados, onde a LGPD parece não ter efeito. As empresas podem alegar conformidade, mas quando um PDF sem senha é compartilhado com informações sensíveis, o que realmente está em jogo? A LGPD pode existir no papel, mas sua aplicação é questionável, e a proteção dos dados pessoais se torna uma ilusão. É como se dissessem: "Eu que me dane", em um tom de desdém, enquanto os consumidores se sentem impotentes diante da falta de responsabilidade das corporações.

A situação é ainda mais crítica quando consideramos que a proteção de dados deveria ser uma prioridade, não apenas para atender às exigências legais, mas para respeitar a dignidade e a privacidade de cada indivíduo. A realidade é que, em muitos casos, o consentimento é apenas uma formalidade, um checkbox que se marca sem reflexão. Para que a LGPD cumpra seu papel, é necessário que haja uma mudança de mentalidade nas empresas, que enxerguem a proteção de dados como um valor a ser respeitado, e não como uma barreira para o lucro.

Portanto, a luta pela verdadeira proteção de dados continua. É hora de exigir que as leis sejam cumpridas e que as empresas se responsabilizem por suas práticas. A LGPD pode ser um passo importante para a proteção dos dados, mas sem uma mudança real na cultura corporativa, ela pode se tornar apenas mais uma letra fria na legislação brasileira. A voz dos consumidores precisa ser ouvida, e a proteção de dados deve ser uma prioridade, não um mero detalhe no meio da correria do dia a dia.