A LGPD, que entrou em vigor em 2020, foi criada para regular o uso de dados pessoais e garantir aos cidadãos maior controle sobre suas informações. Contudo, a sua aplicação ainda enfrenta barreiras, e muitos jovens, como os estudantes que passam horas nas redes sociais, podem não estar cientes do que está em jogo. Em meio a estudos e desafios acadêmicos, a proteção de dados acaba se tornando uma questão distante, enquanto conteúdos inadequados se infiltram em suas experiências online. A ironia é clara: quem deveria estar aprendendo e se desenvolvendo está exposto a riscos que deveriam ser mitigados pela própria legislação.
Além disso, a complexidade da LGPD levanta questões sobre a responsabilidade das instituições. O parecer nº 00009/2022/DECOR/CGU/AGU destaca que transparência e proteção de dados devem coexistir, mas na prática, muitos órgãos ainda utilizam a LGPD como justificativa para limitar o acesso a informações públicas. Isso gera um paradoxo: a proteção excessiva pode levar à censura de informações que deveriam ser acessíveis, especialmente quando se trata de contratos administrativos e dados que o poder público deveria tornar públicos.
A aplicação da LGPD, portanto, não deve ser vista apenas como uma obrigação legal, mas como uma oportunidade para promover a segurança e a transparência. O embate entre proteção e censura é delicado e exige atenção. O artigo 23 da LGPD permite o tratamento de dados para cumprir obrigações legais, mas isso não deve servir como um escudo para evitar a divulgação de informações que são do interesse público. É essencial que as instituições encontrem um equilíbrio entre garantir a privacidade e atender à demanda por transparência.
Por fim, a luta pela proteção de dados é uma responsabilidade coletiva. Os cidadãos devem estar cientes de seus direitos, e as instituições precisam agir de forma proativa para garantir que esses direitos sejam respeitados. A LGPD é um passo importante, mas é apenas o começo de uma jornada que requer vigilância constante e um compromisso verdadeiro com a segurança e o respeito às informações pessoais. Afinal, em um mundo onde os dados são o novo petróleo, a proteção deles deve ser uma prioridade inegociável.