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A LGPD e o Desafio da Proteção de Dados na Era Digital

Entenda como a Lei Geral de Proteção de Dados enfrenta desafios em um mundo dominado pela tecnologia.


Em um mundo cada vez mais conectado, onde os dados pessoais circulam com a mesma facilidade que as informações, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) surge como um farol na escuridão da privacidade digital. No entanto, sua aplicação enfrenta desafios significativos, especialmente quando se trata de proteger os direitos dos adolescentes nas redes sociais. Recentemente, o TikTok foi colocado sob os holofotes, acusado de categorizar perfis de menores de idade para direcioná-los a conteúdos que atentam contra seu pleno desenvolvimento, conforme estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa prática não só é uma violação ética, mas também um desrespeito à LGPD e ao Marco Civil da Internet.

A frustração de muitos usuários se torna evidente quando se tenta denunciar perfis que violam essas normas. As respostas frequentemente se limitam a advertências superficiais, como um "ai ai ai, coisa feia", enquanto o problema persiste. É um ciclo de desamparo e indignação que afeta não apenas os adolescentes, mas toda a sociedade, revelando a fragilidade das instituições diante da proteção de dados. Afinal, como podemos confiar em plataformas que parecem ignorar sua responsabilidade em proteger o público jovem?

Além disso, a LGPD também levanta questões sobre a transparência e a acessibilidade dos dados. Muitos enfrentam dificuldades ao tentar acessar informações que deveriam ser públicas, como certidões e documentos legais. A lei estabelece que o tratamento de dados pessoais pelo Poder Público deve ocorrer em conformidade com a legislação, mas a prática muitas vezes é marcada pela censura excessiva, que limita o acesso a informações cruciais para os cidadãos. A recente discussão sobre a Lei 14.133/2021, que reforça a publicidade de contratos administrativos, exemplifica a tensão entre proteção e transparência.

É vital que a sociedade compreenda que a proteção de dados não deve ser uma muleta para a censura, mas sim uma ferramenta para garantir direitos. O embate entre proteção e publicidade nos leva a refletir sobre a responsabilidade das instituições em garantir que a segurança dos dados pessoais não se converta em um obstáculo para o acesso à informação. O artigo 23 da LGPD, que permite o tratamento de dados para cumprir obrigações legais, deve ser um guia para que a transparência e a proteção coexistam em harmonia.

Em última análise, a LGPD representa uma oportunidade de reimaginar a forma como lidamos com a privacidade na era digital. No entanto, é crucial que todos os envolvidos - governantes, empresas e cidadãos - se comprometam com a responsabilidade de proteger dados e garantir que as leis sejam respeitadas. Somente assim poderemos construir um futuro mais seguro e justo para todos, especialmente para os mais vulneráveis.

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