Artigos

A LGPD em Debate: Entre a Transparência e a Proteção de Dados

Entenda como a aplicação da LGPD pode ser um desafio para a transparência e a segurança.


No cenário atual, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tem se mostrado um tema central em diversas discussões sobre privacidade e segurança no Brasil. Enquanto muitos celebram a implementação dessa legislação como um passo importante rumo à proteção dos dados pessoais, outros apontam para suas limitações e a confusão que pode gerar. O embate entre transparência e proteção é um reflexo das dificuldades enfrentadas por cidadãos e instituições em um mundo cada vez mais digital.

Recentemente, surgiram relatos de profissionais que, ao tentarem denunciar práticas antiéticas ou abusivas, se depararam com a ineficácia de órgãos reguladores, que parecem mais interessados em aplicar advertências do que em agir de forma eficaz. Essa sensação de impotência é ampliada quando se considera que, mesmo com a LGPD em vigor, o acesso a informações essenciais, como certidões e documentos legais, pode ser negado ou censurado, criando um ciclo vicioso de falta de transparência. A dúvida que fica é: como a proteção de dados pode coexistir com a necessidade de acesso à informação pública?

Um exemplo claro dessa tensão é o parecer nº 00009/2022 da CGU/AGU, que reafirma que a transparência e a proteção de dados devem andar juntas. No entanto, a prática muitas vezes ignora esse princípio, resultando em uma aplicação inadequada da legislação. A Lei 14.133/2021, que trata de contratos administrativos, também reforça que a publicidade é um direito do cidadão, mas a tarja em informações sem critério pode ocasionar um desvio de sua finalidade, ferindo o direito à informação. É preciso encontrar um equilíbrio para que a proteção não se torne uma barreira ao acesso à informação.

A frustração de muitos cidadãos se intensifica ao perceber que, ao tentarem exercer seus direitos garantidos pela LGPD, encontram um sistema que parece mais uma armadilha do que uma proteção. Um exemplo disso é o caso de aposentados que, ao lidarem com ligações e mensagens indesejadas, se veem sem alternativas eficazes para reverter situações de abuso. A LGPD deveria servir como uma ferramenta de empoderamento, mas muitas vezes parece falhar em proteger os mais vulneráveis.

Portanto, a reflexão que se impõe é: como podemos garantir que a LGPD seja aplicada de maneira justa e eficaz? A resposta pode estar em um diálogo mais aberto entre usuários, instituições e reguladores. A proteção de dados é fundamental, mas não pode vir à custa da transparência e do direito à informação. O caminho para um futuro mais seguro e justo passa por um entendimento claro do que significa realmente proteger dados e como isso pode ser feito sem comprometer a democracia e a confiança do cidadão nas instituições.

Comentários

VEJA TAMBÉM...