A Mão Invisível das Big Techs: O Desafio da LGPD no Brasil

Como as grandes empresas de tecnologia estão moldando a regulamentação da internet no Brasil e o impacto sobre os dados pessoais.

11/09/2025 07:01
No cenário atual da internet brasileira, a luta pelo controle dos dados pessoais se intensifica. As grandes empresas de tecnologia, as chamadas Big Techs, estão atuando como uma mão invisível, influenciando as decisões legislativas em busca de moldar o futuro da regulamentação digital no país. No Congresso, o 'Centrão' se destaca com uma série de projetos de lei que visam alterar o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), numa clara tentativa de protagonizar as diretrizes que regem as plataformas digitais. Essa movimentação levanta questões cruciais sobre a proteção dos dados dos cidadãos e a ética no uso das informações pessoais.

As recentes demissões em grandes instituições financeiras, como o Itaú, expuseram ainda mais os riscos do monitoramento digital. Advogados alertam que práticas abusivas podem não apenas violar a LGPD, mas também gerar passivos ocultos que comprometem a confiança entre empregadores e empregados. A transparência na coleta e uso de dados se torna, portanto, não apenas uma obrigação legal, mas um pilar fundamental para a manutenção de um ambiente de trabalho saudável e seguro.

Paralelamente a essas questões, um episódio envolvendo um aplicativo de relacionamento chamou a atenção para a falta de conformidade com a LGPD. O app foi criticado por não implementar recursos adequados de cibersegurança, expondo dados sensíveis de usuárias e alegando um ataque hacker como justificativa. A situação ilustra como a proteção de dados ainda é uma preocupação distante para muitos desenvolvedores, que parecem ignorar as implicações legais e éticas de suas práticas. Neste caso, a LGPD não apenas deveria ser uma diretriz, mas uma salvaguarda essencial para a privacidade dos usuários.

A realidade é que, muitas vezes, o usuário se vê obrigado a entregar seus dados pessoais para acessar serviços. Um exemplo disso ocorreu com um aplicativo que exigia a aceitação de múltiplos termos de uso, incluindo a permissão para comercialização de dados, sob pena de não ter acesso ao serviço. Essa prática levanta um questionamento crucial: até que ponto a conveniência justifica a violação da privacidade? O cenário é ainda mais preocupante quando se considera a proteção de dados de crianças e adolescentes, que devem ser preservados, conforme preconiza a LGPD e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Portanto, o papel da LGPD se torna cada vez mais relevante diante de uma realidade em que a proteção de dados pessoais é frequentemente negligenciada. É fundamental que as empresas e desenvolvedores compreendam a importância de respeitar as normas de proteção de dados, não apenas para evitar sanções legais, mas para garantir a confiança de seus usuários. Em um mundo digital repleto de incertezas, a transparência e a ética no tratamento de informações pessoais devem ser a prioridade de todos os envolvidos na cadeia produtiva da tecnologia.