A Paradoxa da Proteção de Dados: Entre Direitos e Desafios na Era Digital
Como a aplicação da LGPD enfrenta dilemas que afetam a privacidade e a transparência.
Recentemente, o TikTok se viu no centro de uma controvérsia ao categorizar perfis de adolescentes para direcionar conteúdos, o que não apenas fere os direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, mas também contraria os princípios da LGPD e do Marco Civil da Internet. Essa situação evidencia a fragilidade da proteção de dados em um ambiente onde as regras são frequentemente desrespeitadas, e as consequências recaem sobre os mais vulneráveis. A dificuldade em responsabilizar essas plataformas reflete uma lacuna na legislação e na fiscalização, que precisa ser urgentemente abordada.
Além disso, o cotidiano de cidadãos que tentam acessar seus dados pessoais revela um quadro alarmante. A burocracia, impulsionada pela própria LGPD, muitas vezes se torna um obstáculo em vez de uma proteção. A exigência de comprovação de parentesco para a emissão de certidões, por exemplo, não apenas limita o acesso a informações essenciais, mas também gera desconfiança em relação às instituições que deveriam garantir a transparência. O parecer nº 00009/2022 da CGU/AGU destaca que proteção e transparência devem coexistir, mas a prática muitas vezes contradiz essa premissa.
Os desafios não param por aí. A má aplicação da LGPD tem consequências diretas na vida das pessoas, especialmente para aqueles que se sentem lesados por vazamentos de dados ou pelo uso indevido de suas informações. A frustração é palpável, como demonstrado por relatos de cidadãos que, após terem seus dados expostos, enfrentam um verdadeiro inferno burocrático para reverter a situação. A responsabilidade não pode recair apenas sobre o cidadão, que muitas vezes se vê impotente diante de um sistema que deveria protegê-lo.
Diante desse cenário, é imperativo que haja uma mobilização em prol de uma aplicação mais eficaz da LGPD, que não apenas proteja os dados, mas também promova a transparência e a responsabilidade. A sociedade deve demandar que as instituições cumpram seu papel, garantindo que a privacidade seja respeitada e que os direitos dos cidadãos sejam efetivamente protegidos. A luta pela privacidade e pela dignidade na era digital é uma batalha coletiva, e todos têm um papel a desempenhar nessa jornada.