A Revolta do Paciente: LGPD e a Coleta Desenfreada de Dados

Entenda como a LGPD se tornou uma ferramenta de proteção em meio ao caos da privacidade.

08/07/2025 07:00
Era uma manhã tranquila em um hospital quando a paz foi perturbada por um pedido inusitado. Uma mulher, visivelmente curiosa, procurou informações sobre um paciente através do WhatsApp, como se estivesse perguntando sobre a última fofoca da cidade. Ao ser direcionada para os canais corretos, ela apenas argumentou que era pura curiosidade. Essa situação, que poderia ser vista como uma simples anedota, revela um problema muito mais profundo: a falta de compreensão sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o respeito à privacidade alheia.

A LGPD, sancionada em 2018, deveria ser um marco na proteção dos dados pessoais no Brasil. No entanto, muitos ainda a veem como um empecilho, uma ?porcaria? que complica a vida diária ao exigir consentimento e cuidados na hora de acessar informações. A ironia está em como, mesmo com essa lei em vigor, o compartilhamento de dados pessoais ainda ocorre de maneira desenfreada, muitas vezes sem a devida autorização, até por instituições públicas que deveriam ser exemplos de ética e respeito.

A coleta indiscriminada de dados é uma prática que causa irritação e revolta em muitos. A sensação de que nossos dados estão sendo tratados como mercadorias, à disposição de qualquer um que tenha um pedido curioso, é angustiante. A mesma mulher que queria saber do paciente poderia estar, sem perceber, contribuindo para a violação de direitos fundamentais garantidos pela LGPD. Essa realidade se torna ainda mais alarmante quando pensamos em crianças, cujos dados, muitas vezes, são coletados sem a devida proteção. Pais preocupados, como muitos, sentem-se à beira de acionar a lei contra escolas que permitem que seus dados sejam compartilhados com empresas parceiras.

A LGPD não é apenas uma sugestão; é uma necessidade vital em um mundo onde a tecnologia avança a passos largos. A regulamentação de novas tecnologias, como a inteligência artificial, se torna urgente. O que antes parecia um sonho distante, hoje é uma demanda real. A conscientização sobre a importância de proteger dados pessoais deve ser uma prioridade, não apenas para as empresas, mas para a sociedade como um todo. Afinal, entender o que são dados e como eles devem ser tratados é a chave para pressionar empresas a respeitar a privacidade de seus usuários.

Por fim, é preciso lembrar que a LGPD é uma ferramenta poderosa, mas que só será eficaz se utilizada corretamente. É responsabilidade de todos nós, cidadãos e empresas, garantir que nossos dados sejam respeitados e protegidos. Não podemos deixar que a curiosidade alheia ou a falta de conhecimento coloquem em risco nossos direitos. A luta pela privacidade é uma luta de todos, e a LGPD é a nossa aliada nesse combate.