Imagine, por um instante, a frustração de um empreendedor que, ao abrir sua nova empresa, descobre que seus dados pessoais já foram expostos através de um spam recebido por WhatsApp. O que deveria ser um momento de celebração se transforma em pesadelo, enquanto ele questiona: "Para que serve a LGPD se meus dados já estão nas mãos de estranhos antes mesmo de eu existir como empresa?" Essa narrativa não é isolada; reflete a realidade de muitos brasileiros que, diariamente, enfrentam as consequências de uma proteção de dados que ainda não se concretizou.
A LGPD foi criada para dar voz e proteção a todos, mas como garantir que essa proteção alcance igualmente comunidades quilombolas, ribeirinhas e pessoas trans? A desigualdade racial, de gênero e de classe continua a ser um obstáculo que a legislação ainda não conseguiu superar. A transformação digital não pode ser um privilégio de poucos; ela deve ser um direito de todos. A luta por políticas públicas que respeitem a diversidade e os direitos humanos é uma batalha que deve ser travada em conjunto.
E enquanto a tecnologia avança, a necessidade de um debate profundo sobre a soberania nacional se torna premente. Propostas como a criação de um protocolo que permita a migração de dados entre plataformas sociais, respeitando a LGPD, são essenciais para garantir que os cidadãos tenham controle sobre suas informações. Não se trata apenas de uma questão de privacidade, mas de liberdade e autonomia em um mundo cada vez mais digital.
A LGPD pode ser vista como um dos muitos instrumentos de luta contra o totalitarismo que se esconde sob a fachada do liberalismo. Ao falarmos de proteção de dados, falamos também de dignidade, respeito e, principalmente, de direitos. É hora de lembrarmos que a verdadeira proteção começa com a conscientização e a educação, e que todos nós, independentemente de nossa identidade ou classe social, merecemos um espaço seguro e respeitoso na era digital.