LGPD: A Frágil Linha entre a Soberania Digital e a Violação de Direitos

Como a Lei Geral de Proteção de Dados pode ser um escudo ou uma espada na era da transformação digital.

10/10/2025 07:01
Em um mundo cada vez mais digital, a privacidade dos dados tornou-se um tema de debate acalorado. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) surgiu como um farol de esperança para aqueles que buscam garantir seus direitos em um ambiente onde as informações pessoais são frequentemente tratadas como mercadorias. No entanto, a jornada em direção à proteção de dados é repleta de armadilhas e desafios, especialmente para grupos marginalizados, como a comunidade LGBTQIA+, pessoas com deficiência e comunidades quilombolas e ribeirinhas. Esses grupos enfrentam não apenas a luta pela sua identidade, mas também a batalha por sua privacidade em um sistema que muitas vezes os ignora.

A transformação digital trouxe consigo uma promessa de inclusão e empoderamento. Contudo, na prática, essa promessa é frequentemente quebrada. O liberalismo digital, que deveria promover a liberdade individual, muitas vezes esbarra em práticas totalitárias de controle de dados. Para um casal lésbico, por exemplo, a preocupação com a proteção de seus dados pessoais é uma questão de sobrevivência, especialmente em um país onde a discriminação ainda é uma realidade. A LGPD, enquanto legislação, oferece ferramentas para a proteção, mas a sua eficácia depende da conscientização e da capacidade de seus usuários de reivindicá-la.

Em uma conversa em grupo, um colega expressou preocupação sobre como a LGPD afetaria o armazenamento de dados de pacientes, confundindo a sigla com uma questão de diversidade. Essa confusão revela uma verdade preocupante: a falta de entendimento sobre a LGPD pode levar a práticas prejudiciais que violam não apenas a lei, mas os direitos humanos fundamentais. A desconexão entre a teoria e a prática é alarmante, especialmente quando consideramos o acesso não autorizado a dados pessoais, como no caso em que um novo empreendedor descobre seu CNPJ através de um spam de agiota. Isso não é apenas uma falha; é uma violação clara da LGPD, que exige consentimento e finalidade específica para a coleta de dados.

A LGPD deve ser vista como um escudo, mas também como uma espada que pode cortar tanto para proteger quanto para punir. As implicações da lei vão além do simples armazenamento de dados; elas tocam nas questões de soberania nacional e controle das informações. O recente clamor para que o Ministério da Tecnologia desenvolva um protocolo que permita aos brasileiros migrar suas postagens de plataformas como Bluesky evidencia a necessidade de um controle mais rigoroso sobre os dados que circulam no espaço digital. O controle dos dados nacionais deve ser uma questão de soberania, e a LGPD pode ser uma ferramenta poderosa nessa luta.

Como disse Lana Del Rey em sua música, "please don't try to find me through my dealer". Essa frase ressoa como um apelo à privacidade e à proteção dos dados em um mundo que está cada vez mais interconectado e invasivo. A LGPD é um passo na direção certa, mas sua aplicação prática e o entendimento de seus direitos ainda precisam evoluir. A luta pela proteção de dados é, portanto, uma luta por dignidade, respeito e igualdade em uma sociedade que ainda tem muito a aprender sobre a verdadeira liberdade digital.