LGPD: Entre a Teoria e a Realidade da Proteção de Dados no Brasil

Conheça os desafios e ironias que cercam a aplicação da LGPD no cotidiano dos brasileiros.

18/05/2025 12:00
Recentemente, em uma reunião de negócios, uma conversa sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) tomou um rumo inusitado quando um chefe sugeriu: "vale validar com o GPT". Para muitos, essa frase pode soar como uma piada, mas revela um aspecto preocupante da percepção sobre a LGPD. Em um ambiente onde a proteção de dados deve ser levada a sério, a ideia de recorrer a uma inteligência artificial para validar questões legais reflete a superficialidade com que muitos encaram a legislação. É como se estivéssemos vivendo em uma era onde a privacidade é uma preocupação secundária, enquanto seguimos nossas vidas conectadas, mas vulneráveis.

A ironia se torna ainda mais evidente quando consideramos o cotidiano dos brasileiros. Imagine a cena: você está em um evento lotado e barulhento, com sede, e para comprar um copo d'água, precisa preencher um cadastro extenso. Enquanto isso, a fila atrás de você cresce, e as reclamações começam a ecoar. Essa situação evidencia a falta de verdadeiro consentimento no uso de dados pessoais. A LGPD foi criada para proteger o cidadão, mas em muitos casos, ela se transforma em uma ferramenta de exploração, onde a coleta de dados se torna uma exigência disfarçada de necessidade.

A necessidade de uma legislação federal mais robusta é urgente. Muitas práticas, como a exigência de CPF em troca de descontos, precisam ser revistas. O que deveria ser um direito do consumidor acaba se transformando em uma armadilha. As farmácias, por exemplo, muitas vezes utilizam a LGPD como uma justificativa para coletar dados de maneira indiscriminada. É como se estivéssemos vivendo em um jogo onde as regras são constantemente mudadas em benefício das empresas, enquanto o consumidor se vê refém de uma legislação que ainda não se consolidou.

Empresas como ByteDance, Uber e Telegram tiveram que se adequar às exigências da LGPD, mas isso não garante que a proteção dos dados pessoais esteja assegurada. Após serem puxadas pela orelha, essas gigantes abriram canais de comunicação mais eficientes, mas a questão persiste: e as pequenas empresas? E os consumidores que não têm voz? A verdade é que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer até que a LGPD cumpra seu verdadeiro papel como guardiã da privacidade.

Por fim, a LGPD é uma ferramenta poderosa, mas sua eficácia depende de um compromisso genuíno de todos os envolvidos. Precisamos de uma cultura de respeito à privacidade, onde cada indivíduo tenha controle sobre suas informações. Somente assim poderemos transformar a LGPD de uma mera formalidade em um verdadeiro escudo contra abusos. Afinal, a proteção de dados não é apenas uma questão legal; é uma questão de dignidade e respeito ao cidadão.