Em meio a filas intermináveis em farmácias e lojas, o que deveria ser um simples ato de compra se transforma em um pesadelo burocrático. O cliente, pressionado pela multidão e pela urgência, é forçado a preencher cadastros extensos para conseguir comprar uma garrafinha de água. Nesse cenário, onde está a liberdade de escolha? A questão que se coloca é: como podemos falar em consentimento quando a única opção para adquirir um produto é abrir mão de informações pessoais? Essa é a realidade que muitos enfrentam diariamente e que, ironicamente, deveria ser protegida pela própria LGPD.
Por outro lado, o panorama não é totalmente sombrio. A pressão da LGPD tem levado empresas, incluindo gigantes como ByteDance, Uber e Telegram, a aprimorarem seus canais de comunicação com os usuários. Após serem 'puxadas pela orelha' por órgãos reguladores, essas plataformas começaram a oferecer formas mais eficientes de interação, permitindo que os usuários realmente tenham voz em relação ao uso de seus dados. Isso demonstra que, sim, há espaço para melhorias, mas a implementação ainda está aquém do que se espera.
A verdade é que precisamos de uma abordagem mais sólida e abrangente. A Câmara e o Senado devem agir de maneira decisiva para que a LGPD não se torne apenas um papel decorativo nas prateleiras das empresas. A criação de um marco regulatório que proíba práticas abusivas e promova a transparência é fundamental. O que precisamos é de uma lei federal que coloque um fim na exploração do consentimento que, em muitos casos, mais parece uma piada de mau gosto.
No final das contas, a LGPD não é apenas uma legislação; é uma luta por direitos. É o nosso direito à privacidade que está em jogo, e não podemos permitir que ele seja subestimado. Em um mundo onde os dados são o novo petróleo, a proteção das informações pessoais deve ser uma prioridade, e a sociedade precisa estar atenta e ativa na cobrança por essa proteção.