LGPD: O Dilema da Transparência em Tempos de Opacidade

Como a má aplicação da LGPD pode afetar a confiança dos cidadãos na democracia.

06/04/2025 12:00
Em um país onde a informação é uma moeda valiosa, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) surge como um farol de esperança para aqueles que buscam proteger sua privacidade. No entanto, a realidade é mais complexa do que parece. Enquanto muitos acreditam que a LGPD é a solução definitiva para a proteção de dados, os desafios enfrentados na sua implementação revelam uma narrativa de frustração e desconfiança que permeia a relação entre o cidadão e as instituições.

Recentemente, um estudo chocante apontou que várias inteligências artificiais populares não cumprem os requisitos estabelecidos pela LGPD. Isso levanta uma questão crucial: como confiar em tecnologias que, ao invés de proteger, podem expor ainda mais os dados pessoais? A resposta não é simples e revela uma fraqueza nas estruturas de fiscalização e aplicação da lei que, muitas vezes, parecem mais um labirinto burocrático do que um sistema de proteção eficaz.

Cidadãos comuns têm se deparado com situações em que, ao tentar obter informações sobre seus próprios dados, encontram barreiras intransponíveis. O próprio processo de solicitação é uma jornada tortuosa, onde a LGPD, que deveria servir como um escudo, acaba se tornando um obstáculo. Historicamente, as instituições têm se escudado em interpretações rígidas da lei para negar acesso a informações que são, na verdade, de interesse público. O que deveria ser um direito torna-se um privilégio, e o ônus de reverter essa situação recai injustamente sobre o cidadão.

Além disso, a falta de clareza na aplicação da LGPD gera um clima de opacidade que pode minar a confiança dos cidadãos nas instituições. O artigo 23 da lei permite que dados sejam tratados pelo Poder Público para cumprir obrigações legais, mas a prática demonstra que muitas vezes essa transparência é sacrificada em nome da proteção, levando a um cenário em que informações relevantes são censuradas sem critérios claros. Essa situação provoca um embate entre a necessidade de segurança e o direito à informação, essencial para a democracia.

O que se torna evidente é que a LGPD não é apenas uma questão de compliance, mas uma responsabilidade coletiva. A sociedade precisa exigir que a lei seja aplicada de maneira justa e transparente. Caso contrário, corremos o risco de viver em um ambiente onde a proteção de dados seja apenas uma fachada para a opacidade, corroendo a confiança que fundamenta a relação entre o cidadão e o Estado. A verdadeira proteção de dados deve caminhar lado a lado com a transparência, assegurando que todos tenham acesso ao que é seu por direito.