LGPD: A Mão Invisível das Big Techs e o Futuro da Privacidade no Brasil

Como o cenário regulatório se transforma e o que isso significa para a proteção de dados pessoais.

13/09/2025 07:00
No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) surgiu como um sopro de esperança em um mundo digital repleto de incertezas. A ideia era simples: proteger a privacidade do cidadão e garantir que seus dados não fossem tratados como mercadorias. No entanto, a realidade se complica à medida que as grandes empresas de tecnologia, as chamadas Big Techs, se adaptam a essa nova legislação, muitas vezes buscando brechas que possam lhes garantir mais controle sobre os dados dos usuários.

Recentemente, o Congresso Nacional se tornou um verdadeiro campo de batalha, onde o 'Centrão' tenta marcar território com dezenas de projetos de lei que visam alterar o Marco Civil da Internet e a própria LGPD. Essa movimentação levanta um questionamento crucial: quem realmente controla a narrativa sobre a proteção de dados no Brasil? A luta pelo protagonismo nas regulamentações digitais não é apenas uma questão de poder político, mas uma batalha pela proteção da privacidade dos cidadãos em um cenário onde a confiança nas instituições está em baixa.

As demissões em grandes empresas, como o Itaú, expuseram também os riscos do monitoramento digital. Profissionais da área jurídica alertam que a prática de monitoramento pode violar a LGPD, gerando passivos ocultos e comprometendo a relação de confiança entre empregadores e empregados. Isso nos leva a refletir: até onde vai a necessidade de monitoramento e onde começa a violação da privacidade individual? O que parece ser uma ferramenta de controle pode rapidamente se transformar em um pesadelo jurídico.

Em meio a esse caos regulatório, surgem aplicativos que, mesmo sem respeitar a LGPD, exigem que os usuários entreguem seus dados em troca de serviços. Um exemplo recente é o aplicativo de relacionamento que ignora completamente a segurança cibernética, deixando dados sensíveis expostos. Os usuários, em sua maioria, se veem obrigados a aceitar termos que, na prática, abrem mão de sua privacidade e ainda os deixam vulneráveis a vazamentos. Essa dinâmica revela uma verdade incômoda: a proteção de dados não deve ser apenas uma estratégia de mercado, mas um direito fundamental.

À medida que olhamos para o futuro, a necessidade de uma regulação mais robusta e efetiva se torna evidente. A LGPD não pode ser apenas uma letra na lei, mas deve ser um compromisso genuíno de todos os atores envolvidos, desde as instituições governamentais até as empresas que operam no ambiente digital. É hora de os cidadãos se unirem e exigirem que sua privacidade seja respeitada, não apenas como uma questão legal, mas como um elemento essencial da dignidade humana na era digital.