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"Zara Zerou": Zara é investigada por acusação de código racista

O código foi descoberto através de uma investigação do caso da delegada Ana Paula Barroso, que é negra, e foi impedida de entrar na loja na noite de 14 de setembro.


A loja Zara, do shopping Iguatemi de Fortaleza(CE), está sendo investigada por acusação de utilizar código racista para identificação de pessoas "suspeitas". De acordo com informações, o código "Zara Zerou", de acordo com instruções, deveria ser utilizado para que os funcionários do local acompanhem e prestem atenção à entrada de pessoas negras ou com "roupas simples" no local.

 

Sérgio Pereira, delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, conta que "Testemunhas que trabalharam no local alegam que eram orientadas a identificar essas pessoas com estereótipos fora do padrão da loja. A partir dali, ela era tratada como uma pessoa nociva, que deveria ser acompanhada de perto. Isso geralmente ocorria com pessoas com roupas mais simplórias e 'pessoas de cor".

 

O alerta era dado pelo sistema de som da loja por meio do código "Zara Zerou". Arlete Silveira, diretora do Departamento de Defesa de Grupos Vulneráveis, conta que o código só foi descoberto através de uma investigação do caso da delegada Ana Paula Barroso, que é negra, e foi impedida de entrar na loja na noite de 14 de setembro.

 

Na ocasião, Ana Paula fez o registro de um boletim de ocorrência contra a Zara e o gerente responsável por expulsá-la, foi indiciado pelo crime de racismo.

 

Zara já possui um histórico de problemas semelhantes

 

Não podemos esquecer que Zara, anteriormente, já foi indiciada por tratamento semelhante, inclusive fora do Brasil, que resultou em pagamento de indenização.

 

Uma investigação, coordenada pelas delegadas Janaína Siebra, Manuela Lima e Vanessa Hiluy, acabou descobrindo, pela internet, que Zara já foi condenada a pagar uma indenização de 40 milhões de dólares por um caso de racismo ocorrido na Espanha, em 2015.

 

Também em 2015 Centro de Democracia Popular (CDP), entrevistou 251 funcionários da Zara em Nova Iorque sobre uma "prática de prevenção e perdas" que seria utilizado na loja através dos códigos "pedido especial" e "serviço ao cliente" para identificação de clientes supostamente suspeitos, em sua maioria, clientes negros.

 

 

Zara nega as acusações mas Procon reage

 

Após repercussão do caso, Zara nega a existência de um código secreto para selecionar clientes e reage afirmando que conta com mais de 1.800 pessoas "de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura".

 

Após acusação, Zara foi notificada pelo Procon-SP a prestar explicações sobre o caso que solicitou que a empresa passe informações sobre a política de treinamento que fornece aos seus funcionários e também deve mostrar as medidas que toma no que se refere à conscientização, prevenção, diversidade, inclusão, e combate ao racismo e discriminação de qualquer gênero.

 

Leia a seguir a nota emitida pela Zara:

 

"A Zara Brasil, que não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação, quer manifestar que colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa. A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos."

 

 

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